CUSPE PRA CIMA
10/06/2016 13:08
A criatividade, esta incorporada em todo o ser humano. Uns com mais desenvoltura outros nem tanto. Assim ao falar em criar não podemos deixar de lado a presença dos atores e atrizes. Movimentos interessantes contagiam o público com suas falas, seus corpos. Os gestos reforçam e o corpo complementa um todo. Todo esse chamado da interpretação.
Marcações precisas no movimento e na fala. Foi o que marcou esse texto que hora chega quase ao trágico, hora remonta a comédia da situação vivida pelas duas personagens. Como disse em outro artigo, é da simplicidade que surgem grandes criatividades. Foi o que vi hoje.
Cuspe Pra Cima, dramaturgia de Hugo Zorzetti, descreve uma realidade do teatro. Vivido por três personagens muito bem apresentadas por Renata Caetano e Luana Borges. Lara uma atriz do passado, vive em sua amargura, o que foi o teatro. Bianca uma estudiosa do teatro, que defende a tese sobre a dramaturgia do passado. Para isso ela entrevista Lara atriz que viveu sem sucesso nas décadas de 50/60. Uma personagem sarcástica imposta por sua passagem pelo palco. Sem grande sucesso é esquecida lembrada talvez por falta de outros contribuintes para narrar a história cênica.
A trama é uma constante troca de farpas entre as duas personagens. Professora de teatro, versos a artista “fracassada” representando o passado e que de certa forma deixou marcado o Teatro Goiano.
Ao iniciar a trama um aluno de Lara recebe Bianca, Rodrigo Mármore, que sonha em fazer o curso de Artes Cênicas. Por falta de talento ou por não agradar a banca, não tem sucesso. O que vimos no espetáculo foram duas atrizes num embate dramático. Tanto uma como a outra, quebravam o elo de uma interpretação de alta qualidade. O silêncio corporal que acontece entre as duas deixavam no ar o que viria a seguir. O olhar ou mesmo um gesto às vezes leva o público para outra expectativa. Imediatamente todos eram resgatados e trazido para a realidade cênica.
A direção de Constantino Isidoro deixou claro esse momento de um espetáculo que poderia tomar um rumo não muito bom. Conseguimos ver durante toda apresentação à liberdade das atrizes e ator, mas direcionados por uma visão que deixa claro o cômico e o dramático.
O espaço escolhido coloca o público dentro da cena. Um número reduzido de pessoas interage com a realidade dramática por ser considerado por Bianca como convidados dela para a entrevista. O Antiquário Família Real dá o tom amargo da personagem Lara, sua casa. Independente da beleza do antiquário que merece ser visitado. O transporte para o passado é reforçado por esse ambiente.
Pena último espetáculo.
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