HOJE É DIA DE ESTÓRIA: O CAPADÔ DE PORCA

07/09/2016 11:27

Fotos Internet

 

Lá pelos idos de 1960, na cidade de Uberaba MG. Um casal esperava o primeiro filho. Vindos do interior para levar ao médico a mulher gravida. Não demoraria muito para o nascimento do rebento. A mulher no consultório aguardava ansiosa pela consulta. O marido por sua vez aparentava calmo. Vez ou outra dirigia a esposa pedindo-a para sentar e acalmar.

Marido – Carma muié logo o dotô vai consurtá ocê!

Mulher – Estou carma. É essa barriga que me deixa com fadiga.

Marido – O mulequim tá dando trabaio! Esse é dos meu!

Mulher – Que menino que nada. Eu sinto que é muié!

Assim o tempo foi passando e por fim eles foram chamados pelo médico. O marido entrou à frente apressado.

Marido – Tarde dotô!

Doutor – Boa tarde! (dirigindo a mulher) Como à senhora está?

Mulher – Bem! Dentro do possíver dotô.

Doutor – Senta, por favor!

Os dois sentaram as formalidades foram realizadas e o médico pediu a mulher para deitar em uma maca. Ela obedeceu e depois de uns dez minutos o médico retornou e esperou a parturiente voltar para dar o diagnóstico.

Doutor – Pelo visto daqui a três dias essa criança irá nascer. Vamos marcar logo e reservar o leito no hospital.

O pai todo contente e a mãe com muita alegria pensava no ou na filha que iria nascer. Lógico que ela queria livrar daquela barriga que tanto incomodava. Tudo foi combinado o valor do hospital e do médico. O marido falou que pagaria em dinheiro. Assim, com os preparativos já acertado o marido fez o clássico pedido.

Marido – Dotô eu gostava de assistir o nascimento de meu fi!

Médico – Eu não aconselho que marido participe do parto.

Marido – E pur quê?

Médico – Muitos maridos não suporta ver. É muito sangue, a mulher sofre muito e muitos homens chegam a desmaiar durante o parto.

Marido – qué isso dotô!!! Eu dismaiá! Sor num sabe de nada! Sou duro na queda!

Médico – E acabam atrapalhando.

Marido – Atrapaiono como?

Médico – Com o desmaio do brutamonte somos obrigados a socorrê-los e deixar a mulher num momento difícil.

Marido – Oia muié! (A mulher dá um sorrisinho amarelo). O sor acha que tenho medo de vê sangue? Sangue eu vejo direto dotô!

Médico – O sangue é o que mais derruba homem. Muitos não aguentam o sofrimento da esposa.

Marido – Dotô! Oh dotô! Isso de vê sangue não precisa preocupa. E grito tô acostumado. Afinar sô capadô de porca. As bicha grita que os visim tudo iscuita.

Médico – Capador de porca!

Marido – E dos bão! Na região todos me chamam pra capa as porcas deles quando ela tão veia.

Médico – Capador de porca!

Mulher – É pra engordá as bichas.

Marido – Sim. O sor não vai tê trabaio nenhum comigo. Vou assistir numa boa. Quero ver meu fio chorá grosso quando nascê.

Médico – Bem! Se sua senhora não importar, quem sou eu para impedir um grande capador de porca de assistir o parto.

Mulher – Tem probema não.

Médico – Então daqui a três dias estejam no hospital as seis hora da manhã.

Outras recomendações foram dadas e o casal saiu para comprar as roupas da criança e para a mulher usar no hospital. Enquanto a esposa escolhia o que precisava o Marido foi até uma alfaiataria ao lado e encomendou o melhor terno linho 120. Comprou ainda uma gravata e um sapato de pelica novinho. Tudo estava preparado para o dia do parto.

O tão esperado dia chegou. No horário marcado estavam no hospital. A esposa sentindo dores e o marido com seu terno, sapato novo camisa e a gravata chegava a brilhar. Todo engomado. Mais parecia noivo em dia de casamento.

Médico – Tudo pronto? (Virando para o marido) Preparado? (Falando baixinho) capador de porca essa é boa!!!!

Marido – Claro dotô.

As horas foram passando e a mulher iniciou o trabalho de parto as enfermeiras vieram e levaram-na para o centro cirurgico acompanhado do Marido capador de porca. Ao chegar à sala esta estava impecável. No dia anterior às funcionárias haviam limpado e encerado. O piso estava tão brilhoso que dava até para pentear o cabalo.

No primeiro grito de dor que a mulher deu seu companheiro já ficou incomodado. O parto iniciou o suor começou a brotar na face do marido. Ele, no entanto, continuou firme, chegou a perguntar ao médico se não precisava de ajuda.

Mesmo suando continuo firme, o homem mais parecia um manequim de loja, todo engravatado o paletó bem passado e o sapato recebera uma tinta própria para pelica. Estava muito chique para o momento. A mulher com seus gritos de dor ouvindo o comando do médico. Foi quando a criança coroou. O marido vendo aquela quantidade de sangue e a criança apontando, foi logo encostando a parede.

Levando a mão na gravata desapertou-a abriu o botão da camisa. No grito seguinte da esposa os olhos dele ficaram turvos. Como o seu sapato tinha solado de couro, ainda novo e o chão bem encerado ele começou a escorregar. Conforme a mulher fazia força ele foi deslizando pelo chão até que só se ouviu o baque do corpo do homem no chão. Com a pancada o barulho foi tão grande que a enfermeira viu e correu para acudir.

Enfermeira – Doutor o homem desmaiou! Precisa de socorro!

Médico – (Calmo não parou de cuidar da mulher) Preocupa não deixa o capador de porca aí, depois cuidamos dele.

A criança nasceu. Uma linda menina. O marido depois acordou em uma cama, perguntando o que aconteceu.

Mulher – Cê num lembra capado de porca (riu baixinho)! Cê dismaiô no meio do parto.

Assim, essa estória correu por todos os lugares e seu nome ficou sendo o capador de porca que desmaiou ao ver sua filha nascer.


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Tópico: HOJE É DIA DE ESTÓRIA: O CAPADÔ DE PORCA

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