Hoje é dia de história do Tio Dunduca: O DIA EM QUE O CÓRREGO VIROU LEITE
24/10/2016 09:37Essa história aconteceu no dia de uma grande festa na região. Vou chamar nosso herói de Mario, um cara bonitão, bom pião, o mais famoso amansador de burro e cavalo da região. O cara estava de olho na filha do dono da festa, moça prendada, bonita e disputada pelos melhores moços da região.
No dia anterior a festa, Mário chegou até sua mãe e pediu a ela que passasse e engomasse seu terno de linho, pois ele iria ter a oportunidade de pedir a moça mais linda da região em namoro.
-- Olha mãe quero que a senhora engome bem o meu terno de linho 120, pois tenho de chegar à festa muito bem arrumado para conquistar o meu amor.
A mãe cuidadosamente passou o terno e engomou. Mário achou que ainda não estava bom. A mãe passou pela segunda, terceira, quarta vez. Até Mário ficar contente. Olha que o terno ficou tão bem engomado que a calça parava em pé sozinha de tão dura de goma e o paletó esse nem se fala!
Mário levantou no dia da festa ansioso e ao entardecer pegou a sua mulona preparou o arreio organizou tudo muito bem. Após lavar a mula arriou colocou o peitoril de argola dourada. Calçou sua melhor bota colocou uma espora de sete ponta, vestiu seu terno de linho. Despediu da mãe e saiu todo elegante, pronto para chegar à festa e realizar seu sonho. Outro ponto importante é que Mario dançava muito bem.
Colocou sua mula no trecho e durante uma hora de viagem sonhava com o seu primeiro beijo, naquela mulata que mais parecia uma princesa. Próximo da casa da moça tinha um riacho que todos passavam por ele antes de chegar a casa. Quando chegou ao riacho parou observou e começou a travessia com bastante cuidado para não se molhar. Ao meio do riacho à mula parou e começou a beber água. Mario com pressa em chegar à festa esperava calmamente pelo movimento da mula e lógico sem fazer nenhum movimento brusco, pois, essa ação poderia fazer a mula arrancar e molha-lo todo. A preocupação era como terno!
Mario começou a observar a mula. Ela na realidade não estava bebendo água, fingia. Encostou à boca próxima a água em movimento que parecia beber. Como tem muitos animais esperto, ela na realidade o olhava de soslaio, aliás, ela espichava os olhos rumo ao seu cavaleiro para ver se o Mário não estava vendo a sua safadeza. O cavaleiro ao perceber a malandragem da mula, pegou seu reio com cabo de madeira mudou de lado e fez um movimento no estribo para chamar a atenção da mula e bateu com força entre as orelhas da mula bem na cabeça.
Só que a mula percebeu o movimento do Mário e rapidamente refugou para um lado. Como o peso do cavaleiro estava todo ao contrário ele tentou se equilibrar já era tarde. Se alguém estivesse presente saberia qual o número da botina dele. A queda do animal foi inevitável e Mário afundou em uma parte mais funda. Mario desapareceu dentro d’água. Ficando apenas o chapéu flutuando, foi um mergulho maravilhoso. Lógico que com o contato com a água o polvilho que faz a liga da goma do terno espalhou pela água ficando o córrego todo branco como leite. Ao sair da água viu a mula parada a beira do riacho olhando com uma cara de inocente! Mário pensou em matá-la. Ponderou ao pensar o quanto teria de andar a pé até sua casa.
Assim, a malandragem da mula e a violência do Mario teve consequência grave, pois, sua ação custou o namoro do conquistador, que perdeu afesta. A filha do fazendeiro encontrou outro. Tudo foi por água abaixo, cheio de goma e polvilho, foi o sonho desfeito com cor de leite misturado na safadeza da mula e um riacho que sem culpa do ocorrido causo todo o estrago. O recurso de Mario foi voltar para casa.
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