OS TRAUMAS DA ESCRITA

31/10/2016 10:40


           Sempre ouvi falar na dificuldade em agradar o nosso público. Não sei se em alguns momentos inconsciente agradamos mais aos leitores. O mesmo diz quando algum ator ou atriz consegue atingir o máximo da sua interpretação, enquanto no espetáculo ele(a) demonstra pouca habilidade no ato de interpretação.

           Vejo em minhas publicações a mesma situação. Há dias em que o acesso a meus textos são bastante. Outros momentos nem tanto. Aí fica a pergunta: São os textos que não agradaram? Ou as pessoas que não interessaram acessar o blog? Algumas pessoas comentam. Incentivam. Sabemos que o tempo hoje é muito precioso. Fica, no entanto, a dúvida do que ocorre. Só posso saber da qualidade do que escrevo através de comentários. Não importam se positiva ou negativa. Todas elas contribuem para o crescimento do escritor, ator, atriz, pintor, etc.

           Não é fácil produzir constantemente. A não ser que ele vive pela arte. Eu por minha vez tenho escrito muito. Talvez com a criação desse blog, consegui escrever mais do que escrevi em toda a minha vida. Sempre pensei que tinha facilidade em escrever textos acadêmicos. Hoje me vejo aqui construindo uma nova forma de pensar e colocar no papel.

           Foi o tempo em que eu sentava tentava produzir uma história, conto ou poesia e na primeira linha parava. Isso devido a uma censura violenta. A mania com a perfeição atrapalhava. O perfeccionismo que queria atingir levou sempre ao fracasso. Agora não, sento coloco uma ideia na cabeça e produzo. Aquele pensamento de Glauber Rocha “Uma Câmera na mão e uma ideia na cabeça” era suficiente para fazer um filme.

           Hoje estou quase concordando com Glauber Rocha, grande cineasta brasileiro do Cinema Novo. Fui criado com uma rigidez muito grande quando se tratava de escrever. Poesia você tinha de dominar a métrica. Contos, só escrevia quem possuía o domínio do português. Foi aí que me travei. A minha dificuldade com esses conceitos deixou-me no rol dos desfavorecidos.

           Agora mesmo? Onde acham que encontrei coragem em escrever esse texto? Fiz como o cineasta. Fechei os olhos e perguntei o que farei? Saiu o que você está lendo. Isso não é um desabafo e sim um desafio.

            Tenho um parente que fez uma crítica. Mandou-me estudar verbos, segundo ele uso no tempo errado. Que saco! Quando ouvi isso lembrei logo de um professor de português em Uberaba. Grande professor Eli. Colocou-nos para decorar todos os verbos para declinar para ele numa data marcada. No dia só se via o nosso nome com zero na frente no quadro. Na outra data a coisa mudou. O verbo que caiu para eu declinar era o APROPINQUAR. O aluno tinha de dizer o verbo em todos os tempos. São vinte e quatro né? No dicionário o verbo é transitivo direto e bitransitivo e pronominal. Porra! Onde já se viu colocar um aluno do sexto ano declinar um verbo que mais parece um palavrão! Olha o significado dessa encrenca: Aproximar, pôr (-se) próximo, Tornar (-se) próximo, fazer parecer. Esse verbo me traumatizou. Ainda tenho dificuldade só de pensar que tenho de estudar verbos. Não posso esquecer tirei nove. Errei em um dos tempos trocando o “Q” por “G”. Apropinquasse por Apropinguasse. Nunca esqueci.

            Para terminar o texto quero dizer que independente de verbo ou não, criei coragem em mostrar o que tenho escrito. Sei que temos de preservar o português. Hoje em dia temos pessoas que corrige transformando-o em algo maravilhoso. Só não pode ser a minha filha. Pedi a ela para corrigir um texto meu e no final não reconheci o que escrevi. Ela escreveu um novo texto. O dela é claro.


Voltar

Tópico: OS TRAUMAS DA ESCRITA

Data 31/10/2016

De Leila

Assunto Os traumas da escrita

Responder

Muito bom o seu desabafo, mostra a importância da determinação e superação diante das adversidades.

Data 31/10/2016

De Dimas Araujo

Assunto Re:Os traumas da escrita

Responder

Essa foi uma maneira para brincar com os meus ganhos na escrita. No final digo que não foi um desabafo. Mas, como você disse foi mostrar a minha superação.

UA-80825753-1
Crie um site grátis Webnode